FECERUNT ME
DO SANTO PADRE
CLEMENTE
AOS CARDEAIS, BISPOS,
PRESBÍTEROS, DIÁCONOS,
SEMINARISTAS,
E TODOS QUE SE ENVOLVEM NA
FORMAÇÃO PRESBITERAL.
INTRODUÇÃO
1. "Formaram-me e plasmaram-me vossas mãos, dai-me a sabedoria para aprender os vossos mandamentos." (Sl 118, 73 (Iod)). O Senhor nos formou, completamente. Do barro o Senhor plasma Adão e lhe dá o sopro da vida original (cf. Gn 2, 7). E então, a cada homem ao longo da história, Deus chamou para uma vocação específica. A Aarão e seus filhos, Deus confiou o cuidado do santuário, prefigurando o ministério sacerdotal de seu Filho Jesus, verdadeiro sumo e sacerdote do santuário. Então, Jesus Cristo reunido com seus Apóstolos, na noite em que ia ser entregue para a salvação do mundo, institui o ministério ordenado, introduzindo os Apóstolos como participantes de seu sacerdócio.
2. Jesus Cristo é o grande Pastor das ovelhas (cf. 13,20) que confia aos seus Apóstolos o ministério de apascentar o rebanho de Deus (cf. 1 Pd 5,2). Se não fosse pelos sacerdotes, “a Igreja não poderia viver aquela fundamental obediência que está no próprio coração da sua existência e da sua missão na história - a obediência à ordem de Jesus : ‘Ide, pois, ensinai todas as nações’ (Mt 28, 19) e ‘Fazei isto em minha memória’ (Lc 22, 19; cf. 1 Cor 11, 24), ou seja, a ordem de anunciar o Evangelho e de renovar todos os dias o sacrifício do seu Corpo entregue e do seu Sangue derramado pela vida do mundo.” (Pastores Dabo Vobis, n.1).
3. Nunca cessamos ou cessaremos de rezar para que o Senhor envie mais operários para a sua messe, pois ela é grande e tão poucos são os trabalhadores (cf. Mt 9,38). Mas, não só pedimos trabalhadores, pedimos trabalhadores santos. Ao mesmo tempo, queremos que o Senhor capacite aqueles que já trabalham dentro de sua Igreja e os santifique.
4. A Igreja, ao longo do XI Sínodo dos Bispos, no ano jubilar de 2021, quis reclinar-se sobre o tema da formação presbiteral. Após o Concílio de Jerusalém, analisou-se a necessidade de fazer uma nova leitura sobre o tema da formação presbiteral, que esteja adaptado a situação atual de toda a Igreja, seu alto nível que exige uma formação de nível ainda mais elevado. Deixar as formações pobres e a própria mediocridade permite-nos alcançar patamares superiores. As ondas da sociedade hodierna vêm ao nosso encontro e submergirá aquilo que ainda não atingiu os níveis mais elevados.
5. Dizem os Bispos, no Documento Final do Sínodo: “Olhando com atenção para a trajetória vivida ao longo dos quinze anos de história da Igreja Habbiana, é hora de considerar o olhar ao horizonte amplo e traçar, sobretudo através dos novos meios e métodos, uma visão nova e constantemente inovadora. Aprender com erros do passado, absorver e preservar o que foi bom. Com a visão ampliada e focada em novos horizontes, e apenas deste modo, conseguiremos dar continuidade ao apostolado evangelizador que permeia pelo amplo meio Habbiano há quinze anos. É preciso acolher o convite do mestre que nos diz: ‘Avança para águas mais profundas.’ (Cf. Lucas 1, 11).” Deste modo, apoiados no Documento Final deste XI Sínodo dos Bispos, produzido pelos Bispos da Santa Igreja, trazemos a luz algumas reflexões mais importantes, a fim de que se tornem concretas na vida da Igreja.
CAPÍTULO I
O DOM DA VOCAÇÃO SACERDOTAL
6. A história do amor de Deus pelo seu povo perpassa a história da humanidade. O Senhor, contudo, mesmo podendo fazer tudo sozinho, escolhe por utilizar-se da humanidade para fazer acontecer a construção do seu Reino e a realização de sua vontade. Após os patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, o Senhor elegeu a Moisés para ser o libertador de seu povo, que era oprimido e escravizado no Egito. Após a saída do povo de Israel das garras do Faraó, finalmente surge o sacerdócio da Antiga Aliança, prefiguração do sacerdócio de Cristo, com Arão e seus filhos. Moisés reveste, a mando de Deus (cf. Lv 8, 2-3), Arão e seus filhos como sacerdotes para o serviço do tabernáculo, que é então consagrado, junto com os sacerdotes. Desde o primeiro momento, os sacerdotes são eleitos por Deus, é Deus quem ordena seu ministério, e servem para o serviço do tabernáculo.
7. Deus não cessa de chamar a humanidade para o seu serviço. Quando ainda era muito jovem, Deus chamou a Samuel. Deus o chamou três vezes durante a noite. O Senhor foi insistente, não se cansava de chamar, pois Ele queria a Samuel. O jovem não sabia que era o Senhor que o chamava e precisou da explicação de Eli (cf. 1Sm 3, 2-9). Muitos dos nossos jovens, ainda hoje, precisam de “Elis”, de pessoas que os ajudem a ouvir e interpretar a voz de Deus. Vivemos numa sociedade barulhenta, num mundo barulhento, onde ouvir e discernir as vozes parece quase que impossível. Discernir a voz de Deus que é inaudível é ainda mais difícil. Não podemos esperar que um anjo desça dos céus para realizar o nosso chamado e muito menos que Deus, com uma voz audível, venha nos dizer. Deus nos chama por meio de sinais que precisam ser interpretados, sobretudo, nas Escrituras. Temos a possibilidade de colaborar com o discernimento dos jovens, principalmente estimulando-os na vocação, na possibilidade de serem presbíteros. Nossa Igreja tende a ser celeiro de vocações, se realizarmos bem o nosso trabalho. Para isso, também nós, Bispos, presbíteros e diáconos precisamos ter intimidade com Deus, para podermos ajudar os outros no discernimento. Muitas vezes nem nós mesmos conseguimos reconhecer a voz de Deus, por isso, também precisamos ajudar-nos mutuamente.
8. Quando o povo sente a necessidade de um rei, Deus concede seu Espírito para Saul, que não foi um bom rei e não cumpriu com a vontade do Senhor. Então o Senhor decide ungir um novo rei para Israel e envia Samuel para a casa de Jessé. Lá, Deus subverte todos os pensamentos dos presentes e escolhe a Davi, que aparentava ser o mais fraco (cf. 1Sm 16, 12). Davi, mesmo que depois rompa com a vontade do Senhor, cometendo adultério com a mulher de Urias, e sendo perdoado, continua sendo o grande exemplo de rei, lembrado com grande afeto pelos judeus. Deus perdoa os seus eleitos, se estes lhes perdem perdão. Não são chamados os melhores, mas, subverte-se toda a ideia de melhor que o mundo possui.
9. Preparando a vinda do Messias, Deus inicia um tempo do profetismo. Os profetas irão desempenhar a sua função, apontando ao povo de Israel que chegará um salvador, um libertador, um Senhor e rei que é o Cristo. Os próprios profetas foram escolhidos por Deus. O primeiro Isaías coloca-se como alguém que o Senhor chamou, por necessidade e ele colocou-se a disposição (cf. Is 6, 5-8) para receber o Espírito de Deus que repousa sobre ele, o unge e o envia “para dar a boa nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos; para proclamar o tempo da graça do Senhor.” (Is 61, 1-2a). Jeremias, por sua vez, considera-se eleito pelo Senhor desde antes de seu nascimento (cf. Jr 1,4). Podemos perceber, deste modo que o chamado vem de Deus, ele já nos elegeu, mas a escolha de receber o Espírito e a realizar a missão é uma escolha pessoal, é uma opção a vontade do Senhor. A nossa liberdade em optar ou não por realizar a vontade do Senhor, permite-nos escolher pela felicidade plena ou parte dela. A vontade do Senhor, porém, só pode ser conhecida pelo discernimento pessoal. Embora eleitos para uma determinada vocação, podemos não a viver.
10. Um exemplo de tentativa de não realizar a vontade do Senhor quando esta está manifesta claramente é o profeta Jonas. O profeta foi chamado para ir a Nínive, a grande cidade, anunciar a conversão. Jonas, porém, decide ir para a Jope e entra num barco. Mas, o Senhor lança um vento no mar e o navio corre o risco de naufragar e Jonas reconhece-se como responsável pela ira do Senhor e foi lançado ao mar, onde a baleia o engoliu. Jonas, vomitado pela baleia na praia, é chamado novamente a ir para Nínive e ele vai anunciar a conversão. Este livro tão breve das Escrituras revela-nos uma história de alguém que quis brigar com o Senhor. Jonas pensava que poderia fugir da face do Senhor, mas isso é impossível. O Senhor, claro, movimentou as situações para que Jonas cumprisse a sua vontade, e assim também faz conosco. Embora respeite a nossa livre decisão, Deus vai movimentando a nossa história, tentando guiar-nos para o caminho que Ele considerou melhor para nós.
11. Na plenitude dos tempos, o designío salvífico do Pai enviou-nos Jesus Cristo, nosso Salvador e Redentor. Ele é o paradigma da obediência. Se quisermos saber alguém que foi ao longo de toda a sua vida obediente a vontade do Pai, esse alguém é Jesus Cristo. Mesmo que a Imaculada Virgem Maria também tenha sido obediente a vontade de Deus, Jesus é quem leva essa obediência ao mais extremo. Ele era livre e na liberdade opta por cumprir a vontade do Pai. Deste modo, o apóstolo pôde dizer que Jesus, encontrado “com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome.” (Fl 2, 7b-9).
12. Jesus, durante os três anos de sua vida pública, chama os apóstolos a permanecerem com Ele. O chamado dos discípulos realiza-se quando ele, segundo São Marcos, sobe ao monte e chama os que ele quis – pois a escolha vem da parte do próprio Cristo, não cabe a ninguém se vocacionar – e eles vão para junto dele (cf. Mc 3,13). São João, revela-nos que é preciso também procurar conhecer o Senhor. Quando os dois discípulos de João Batista, André e Filipe, começam a seguir Jesus e estes lhe perguntam “‘Rabi (o que quer dizer: Mestre), onde moras?’ Jesus respondeu: ‘Vinde ver’. Foram, pois, ver onde ele morava e, nesse dia, permaneceram com ele.” (Jo 1,38). Estar com Jesus é o melhor itinerário formativo, seja para os futuros presbíteros, seja para aqueles já ordenados. É indispensável que seja fomentada na vida das Igrejas Particulares uma profunda espiritualidade tanto no clero como nos seminaristas. Sem termos o contato frequente com a celebração Eucarística o nosso ministério tende a esfriar e se tornar mero serviço. Sem Jesus Cristo, sem o contato com Ele, não há formação. É preciso que que esse contato ocorra também na confissão, na direção espiritual e no aproximar-se dos sacramentos na realidade. Quem não está junto de Jesus, quem não permanece com Ele, não conhece sua casa e não faz habitação Nela, logo, como poderia convidar os outros para entrarem?
13. São Marcos e São Mateus colocam o chamado de André e de Simão as beiras do mar da Galileia (cf. Mc 1, 16-20; Mt 4, 18-22). Passando por eles, Jesus os chama a tornarem-se pescadores de homens. Também passando pela banca onde se cobrava os impostos, Jesus chama Mateus (cf. Mt 9,9) e, assim, vai chamando os seus discípulos. Para seguir Jesus Cristo é preciso deixar tudo para trás, pois “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim não é digno de mim. Quem não toma a sua cruz e não me segue não é digno de mim. Aquele que tentar salvar a sua vida irá perdê-la. Aquele que a perder, por minha causa, irá reencontrá-la.” (Mt 10, 37-39). Não é possível seguir a Jesus Cristo sem abraçar a cruz. Nossos pálios, casulas e alvas precisam ser lavados pelo sangue da cruz que carregamos, que é nossa comunhão e união com a Cruz do Senhor Jesus Cristo.
14. Durante a última ceia, tendo-se completado o tempo formativo inicial dos discípulos de Jesus, o Mestre institui o ministério sacerdotal em função do sacramento Eucarístico que instituíra e do mandamento do amor, para perpetuar sua presença na história (cf. 1Cor 11, 23-26). É no lava-pés que Cristo ensina os seus discípulos como deve ser a prática de um vocacionado: servindo uns aos outros, doando-se uns aos outros (cf. Jo 13,14). Esta deve ser uma prática deles no mundo (cf. Jo 17), vivendo o amor e difundindo o amor. Quando Ressuscita dentre os mortos, Jesus não deixa de formar os seus, sendo presente com eles, indo ao seu encontro e fazendo-os crescer em seu amor (cf. Jo 21). De igual modo, após a ordenação, não pode ser deixada de lado a formação permanente. Nunca estaremos totalmente prontos para o exercício dos ministérios, mas, é o próprio Jesus que continua a formarmo-nos. Depende de nós, porém, sermos agentes e continuarmos buscando conhecimento para servirmos e nos doarmos cada vez melhor.
15. Na era da Igreja não se cessará de eleger sucessores aos Bispos e também presbíteros. Não era possível que os Bispos estivessem presentes em todos os lugares, por isso se instituíam presbíteros que permanecessem nas paróquias. Deste modo, os presbíteros são braços do exercício do ministério episcopal, estando ligados ao seu Bispo num vínculo de respeito e obediência. Contudo, observou-se que com o passar dos tempos os presbíteros deixaram de ter uma formação que os tornasse aptos para o ministério. Embora os centros de conhecimento na Idade Média fosse as escolas reais, episcopais e religiosas, o clero diocesano, mais propriamente, eram mal formados. Não era raro encontrar presbíteros que viviam com famílias, como que casados, sem saber presidir a missa e viver pastoralmente. Finalmente, com o Concílio de Trento surgiram os seminários. São Carlos Borromeu propôs o modelo de seminário como internato para a formação inicial do futuro presbítero. Aplicando o Concílio na Arquidiocese de Milão, o Cardeal Borromeu fará acontecer os seminários e até hoje a nossa formação seguirá esse modelo.
CAPÍTULO II
O CHAMADO NO HABBO
16. No ano de 2006, entre 22 e 30 de julho, foi fundada a Igreja no Habbo Hotel, tendo a frente o Magno Papa Gregório XVII. Fato é que “Gregório sabia que a nossa Igreja necessitaria de uma organização, por isso, junto dos outros fundadores, deu um caráter hierárquico a esse apostolado, assumindo, ele próprio, Vinicius Soares, a Cátedra, e assumindo o nome de Gregório XVII.” (João Paulo VI, Regnum Sacerdotes). E, por isso, o Concílio Vaticano VII pôde afirmar que “a Igreja Católica no Habbo Hotel deve ser fiel transmissora da fé Católica, arrebanhando as almas para Deus, como um pequeno reflexo da glória da Igreja na realidade.” (João II, Salus Animarum). Em consonância a isso, no ano de 2020, o Concílio de Jerusalém constata que “a organização eclesial da Santa Igreja presente no Habbo demonstra sua principal missão: levar à glória da Igreja aos que se encontram neste parâmetro virtual, para que se sintam chamados, de fato, a cerne d'Ela, e, deste modo, possam encontrar-se com suas vocações – de modo especial os chamados ao presbiterado - e ter seu encontro com Deus, que usa-nos de diversas maneiras para conseguir almas para Ele. [...] Deste modo declaramos que ninguém pode dizer que esse este apostolado não deveria ser Igreja, pois ela se afastaria de sua essência e missão e, por isso, ela deve ser sempre Igreja.” (João Paulo VII, Predicate Evangelium, n.24).
17. Sendo assim, os “sacerdotes devem ser os primeiros a exercer seu apostolado missionário e anunciador, que não deve-se resumir apenas na celebração da Santa Missa. O sacerdote deve ser o primeiro a iniciar e incentivar as pastorais em suas paróquias, e a partir dessas irem de encontro ao povo.” (João Paulo VII, Sacerdotium Regium, n.7). Isso não quer dizer, porém, que não haja a importância da celebração eucarística em nossa realidade, dado que “pelas celebrações, (a Igreja) busca dar glória a Deus e levar os homens a procurarem sua santificação” (João Paulo VII, Predicate Evangelium, n.31), além de que em “nossa missão de evangelizar pelos meios virtuais, é necessário realizar a pregação explícita da Palavra de Deus e de todo o rico tesouro que compõem a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Entre estas pérolas da Igreja, está sem dúvida a realização dos sacramentos.” (João Paulo VII, Predicate Evangelium, n.33).
18. Por isso, sabemos que no “Habbo nossa tarefa é muito grande, pois possuímos a responsabilidade de representar, de modo figurativo, a Igreja da realidade. Por este motivo, por ignorância de algumas pessoas, a Santa Igreja pode ser responsabilizada por nossos maus hábitos. Assim, devemos ter consciência da nossa missão, fazendo de tudo para não mancha-la, sendo autênticos difusores da paz de Cristo Jesus.” (Bento V, Obedientia et Pax, n.23). Deste modo, os clérigos precisam viver como clérigos, exalando a santidade, tendo exemplo de vida, celebrando o sacramento e sendo sacramento, recordando sempre a todos que Cristo Jesus está entre nós e o nosso espírito humano o procura para elevar-se até ele (Cf. João Paulo VI, Mysterium Fidei, n.28-29). E é justamente nas celebrações sacramentais, “naquela mesa, nos lembraremos que estamos enchendo de significado a nossa existência, o nosso ser, o que fazemos, os nossos atos, cada segundo que desgastamos no Habbo, e tudo fará completo sentido.” (João Paulo VI, Mysterium Fidei, n.32).
19. Cabe ao Bispo realizar a animação dos seus seminaristas e do seu presbitério, realizando com frequência as visitas pastorais, para “conhecer a realidade pastoral da paróquia, com suas dificuldades e alegrias.” (Urbano III, Pastores Populum). Além disso, os Bispos animem os presbíteros na vida pastoral, trabalhando na cúria, nas pastorais, paróquias, comissões, vivendo na comunhão da Igreja (cf. Bento V, Divinus Redemptor, n.74). Os próprios “párocos tenham assiduidade no cumprimento de seus afazeres paroquiais, e sob hipótese nenhuma deixar a paróquia sem atividade pastoral ou missionária. Devem se esforçar na realização dos eventos paroquiais que promovam momentos devocionais, litúrgicos e de incentivo às atividades missionárias evangélicas.” (Bento V, Divinus Redemptor, n.72).
20. Os Bispos e os presbíteros devem ser agentes na formação presbiteral de uma arquidiocese, sobretudo o Arcebispo, como modelo e exemplo. Mesmo que o Arcebispo não seja tal que deve ser, o clero não deixe de se animar numa verdadeira Pastoral Vocacional. Esta não precisa ser uma organização fechada, mas é um modo de agir. As Igrejas Particulares precisam constantemente estar abertas às vocações e indo em busca delas. Simples atos podem conquistar as vocações e os pastores da Igreja discernirão o melhor modo de fazer isso em seu território: seja com chamadas ao final das celebrações ou missões e outros eventos. Não se obrigue, porém, todos ao ministério, a Igreja também precisa de um laicato vivo para colaborar com sua missão. Nunca cessará nossa obrigação de procurarmos vocações, indo ao encontro e chamando todos ao serviço da messe.
21. De fato, o “Senhor nos chamou do profundo do seu coração para o ministério sacerdotal, aceitamos e fomos ordenados, agora não podemos olhar para trás, não podemos desistir, mas sim, devemos sempre olhar para frente, renovar as nossas motivações, o nosso compromisso, o nosso ministério, o sentido de nossa vocação, e, assim, configurarmo-nos cada vez mais ao coração chagado e amoroso que nos chamou, Ele que é manso e humilde.” (Paulo II, Pastores Dabo Vobis, n.11).
CAPÍTULO III
O MÉTODO FORMATIVO
22. “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5): é o que diz o Senhor a João, sentado em seu trono donde governará por toda a eternidade. A renovação do ser, do espírito e da fé é uma marca constante daqueles que estão inundados pelo “Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5), para que sejamos fiéis testemunhas do Cristo, obedecendo sua ordem de fazer discípulos todos os povos, batizando-os em nome da Trindade Santa e anunciando sua Boa-Nova aos povos de todas as nações.
23. É nesta perspectiva que a Igreja Habbiana, através de suas assembleias episcopais, buscou estar sempre dócil aos ensinamentos do Espírito Santo de Deus, que paira em nosso meio como brisa suave que renova e como vento impetuoso que purifica. O XI Sínodo dos Bispos, por sua vez, inteiramente aberto para ouvir a sopro do Espírito e o ressoar da voz que emana da Sarça Ardente, buscou renovar e nortear os passos do método formativo segundo as inovações que, por graça de Deus ao intelecto humano, nos sãos disponibilizados.
24. Destarte, coube aos padres-sinodais o estudo as diversas áreas que permeiam o processo formativo da vida religiosa-sacerdotal deste apostolado, não isento o próprio método formativo, que até era constituído pelo sistema básico e tradicional de ensino, comumente perpassado das realidades estudantis para as bases de nosso apostolado. Todavia, a renovação do método educativo por propostas inovadoras e mais eficientes, proporcionou que o método formativo fosse repensado e reformulado segundo o avanço social e intelectual dos discentes. Coube a nós, por sua vez, considerar que o método formativo antiquou e tradicional já não era eficiente, e tornou-se demasiadamente cansativo e redundante.
25. Ancorados na sabedoria do Paráclito, é necessário que ouçamos o convite do Senhor que nos manda “avançar para águas mais profundas” (Cf. Lc 5,4), e “lançar as redes do outro lado do barco” (Cf. Jo 21,6). Diante do exposto, consideramos necessário que os meios de formação devem seguir o processo evolutivo dos meios disponíveis para tal. Dentre estes, enfatizamos:
a) O uso de vídeo-aulas que orientem o formando e exemplifiquem o conteúdo formativo. Este método permitirá que o formando consiga ser o agente ativo de sua formação, permitindo que revise o conteúdo quando necessário e que suas dúvidas restantes sejam supridas pelo formador, que exercerá a função de tutor.
b) O uso de podcasts que orientem o formando em conteúdo teóricos. Este método permitirá que o formando consiga ter autonomia no seu processo de aprendizado, fazendo uso de materiais pré-dispostos para acompanhar o conteúdo programático de sua fase formativa.
c) A autonomia do formando supracitada, sendo agente ativo do processo de formação, torna ainda mais necessário que as novas metodologias sejam produzidas com clareza e eficiência. Os formadores, que exercerão a função de tutores, ou orientadores, deverão acompanhar os seus formandos durante todo o período de formação, suprimindo as dúvidas e orientados as demais questões que surgirem ao longo da formação.
d) A produção e pré-disposição desse material deverá ser encabeçado pela Congregação para a Educação Católica junto ao Pontifício Conselho para Comunicações Sociais. O conteúdo programático deverá ser disposto em meios oficiais da Santa Sé, sob tutela do Pontifício Conselho para Comunicações Sociais e da Congregação para a Educação Católica.
26. Desta forma, os supracitados métodos poderão ser adaptados e retificados segundo as necessidades pastorais. Considerando que as metodologias deverão ser aplicadas na formação básica e continuada é necessário que compreendamos que essas formações, por mais que não compartilhem de igual conteúdo programático, estão intrinsecamente unidas, considerando que a formação continuada deverá ser embasada em complementar o conteúdo programático da educação básica. Portanto, é preciso que os métodos de formação estejam unidos ao ponto de manter a uniformidade no processo de aprendizado do formando.
CAPÍTULO IV
A FORMAÇÃO DOS FUTUROS PRESBÍTEROS
27. A formação que aplicamos aos futuros presbíteros deve buscar cada vez mais preparar cristãos, capazes de conhecer a Deus e fazê-lo conhecido pela prática da vocação ministerial. Logo, é missão de todo clero trabalhar em conjunto para o preparo e a padronização de uma formação evangelizadora, clara e prática. Leigos ou clérigos, todo discípulo de Cristo tem a missão de levar a Palavra que lhe foi revelada ao próximo; “vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade” (Mc 16,15). Porém, não podemos dar aquilo que não temos e “a boca fala daquilo que o coração está cheio” (Mt 12, 34).
28. Sendo assim, antes de pensar em ser bons seminaristas, diáconos ou padres, os candidatos devem ser introduzidos na vida com Deus e buscar ser bons cristãos. Esse chamado de santidade, aberto para todos, deve ser posto em prática numa nova estrutura de formação que agregue saberes da fé e da Igreja. Ao entrar no seminário, passarão também por etapas que lhe ensinarão sobre a Igreja e como desempenhar suas funções, a começar pela Formação Eclesial. Nesta etapa inicial serão introduzidos na realidade eclesial e habbiana, entenderão o que é a Igreja, passando pela sua fundação, sua missão, a hierarquia, os membros. Prosseguindo, aprenderão sobre ter postura, sabendo que representam esta Igreja e são testemunhos vivos, praticando as formas de tratamento, a fraternidade, e a bênção. Essa primeira etapa se conclui com a admissão as ordens Sacras.
29. Nem todo candidato entende o que é a liturgia ou conhece sobre as normativas da liturgia, por isto é necessário, primeiro ensinar o que é a Celebração Eucarística, o porquê a celebramos e a sua riqueza. Posteriormente, ingressá-lo na participação deste mistério; esta será a Formação Litúrgica. Ou seja, a apostila deve primeiro evangelizar sobre a Eucaristia e conter um claro direcionamento de como atuar na prática. Para esta etapa, o foco é instruir o seminarista nas atividades da missa como leigos, com o auxílio de folheto padronizado, em vista da dificuldade inicial com o missal. Aprenderão os momentos da celebração e como se vestir para participação, em seguida a proclamação das leituras, recebendo a ordem do leitorado, e por fim as funções do serviço ao altar, recebendo o acolitado.
30. Pautados pelo querigma, passarão pela Formação Catequética que abordará elementos da fé: Amor de Deus, o Pecado, Senhorio de Jesus, o Espírito Santo, Comunidade Cristã e Parusia. Essa etapa visa suprir a necessidade de formarmos bons pastores, que conheçam a fé que professarão, e cumprir nossa missão enquanto evangelizadores.
31. A Formação Diaconal é a primeira etapa decisiva, onde serão formados diáconos permanentes e transitórios para a messe. Assim, aquele que receberá o sacramento da ordem deve compreender o Ser Diácono, a origem, missão e função enquanto ministro distribuidor das bênçãos. E munido disso, continuar as formações práticas, sobre tempos e cores litúrgicas, as vestes futuras e suas ações na participação das celebrações. É sabido que alguns permanecerão, segundo sua vocação, neste grau da ordem, logo será obrigatório e necessário a aprendizagem da Celebração da Palavra.
32. Por fim, o presbiterato é antecedido pela Formação Presbiteral, pela qual o diácono candidato aprenderá sobre sua futura vida no Ser Presbítero: origem, missão e função como ministro da santificação do povo. Aprofundar-se-á no manuseio do Missal Romano, as vestes do presbítero e suas ações como presidente da Eucaristia e concelebrantes. Como auxílio à sua missão de santificar e evangelizar, missão de toda a Igreja, deverá compreender o sacramento da penitência e a sua ministração, assim como noções básicas de homilética. Então, concluirão sua formação com a ordenação ao segundo grau da ordem.
33. Todas estas fases e tópicos de ensino não são para desleixo ou formações quantitativas, mas visam preparar cristãos que desejam ingressar no ministério eclesial habbiano. Não serão números, mas “outros Cristos” crescendo em sabedoria, estatura e graça para bem servir.
34. Logo, é preciso uma limitação no tempo formativo de forma pedagógica, para que a presa não supere a qualidade da absorção. A começar, proíbe-se a aplicação de mais de duas aulas diárias, a não ser por razões pastorais individuais avaliadas pela Congregação.
35. Totaliza-se um mínimo de 16 dias do ingresso no seminário até a ordenação presbiteral:
a) O tempo mínimo de duração da formação eclesial, litúrgica e catequética são de 3 dias cada, a formação Litúrgica só se inicie após a admissão as ordens sacras.
b) A formação diaconal só se inicie após receber o leitorado e acolitato e dure, minimamente, 3 dias.
c) A formação presbiteral só se inicie após a ordenação diaconal e dure, minimamente, 4 dias;
36. Porém, para que tudo isso ocorra, são necessários a organização e as diretrizes, harmoniosamente estabelecidas entre seminários e Congregação para a Educação Católica. Assim, devem se atentar as estruturas.
37. Os seminários precisam minimamente:
a) Reitores e vice-reitores: agentes que administrarão os demais cargos no auxílio, garantindo o funcionamento, e a fiscalização do cumprimento de todas as ordens;
b) Formadores: núcleo principal formado por ministros íntegros que serão responsáveis não só por seguir as normas e construir o ensino com os seminaristas, mas dar o testemunho para conquistar, pois educar é um ato de evangelização;
c) Promotores Vocacionais: todo clérigo ativo nas arquidioceses, com o dever de acolher, promover vocações e encaminhar candidatos ao seminário.
38. Aos seminários compete:
a) Promover Vocações e admitir candidatos ao seminário;
b) Registrar os seminaristas ingressos;
c) Aplicar todas etapas formativas (Eclesial, Litúrgica, Catequética, Diaconal e Presbiteral) de acordo com a ordem, o material disponibilizado e o tempo mínimo;
d) Ministrar a admissão as ordens Sacras aprovada junto ao arcebispo;
e) Aprovar os seminaristas ao leitorato e acolitato e ministrar a admissão junto ao arcebispo;
f) Ministrar as ordenações aprovadas junto ao Arcebispo.
39. À Congregação para a Educação Católica:
a) Disponibilizar o material das etapas formativas;
b) Auxiliar os seminários;
c) Avaliar os candidatos as Ordens Sacras;
d) Aplicar os testes para ordenação dos Diáconos e Presbíteros;
e) Registrar as ordenações junto a Santa Sé.
CAPÍTULO V
A FORMAÇÃO PERMANENTE
40. A vida é um constante aprendizado. Nesse momento chamado de Formação Permanente, diáconos ou padres, segundo a sua vocação, terão a oportunidade de aprender mais sobre a fé e o ministério; “não basta fazer coisas boas, é preciso fazê-las bem" (Santo Agostinho). Exercer este ensino continuado não visa apenas aumentar funções ou formalidades, mas expressam a missão primeira de todo Cristão, evangelizar.
41. Como nos relatam os biógrafos de São Francisco de Assis, homem que evangelizava no respirar, teve que antes ser evangelizado, para poder evangelizar. No início de sua caminhada era humilde, então, “estava presente e escutava atentamente todas a palavras” (1 Cl 22), assim como a Virgem que tudo guardava no seu coração (cf. Lc 2, 51). Assim nossas formações devem visar o evangelizar, para no fim, quando os corações estiverem cheios de sabedoria e de Deus, não retermos para si, mas viver a alegria de bem anunciar a Boa Nova; “Ai de mim se não evangelizar” (1Cor 9. 16).
42. Sendo cursos para aprofundamento e sem obrigação de um tempo determinado para sua aplicação, orienta-se serem aplicados por uma única instituição, como o Seminário Romano ou outra destinada, reunindo conforme a demanda, através de inscrições abertas a todo clero, e com datas pré-definidas para realização. Assim como na formação dos seminários, seja elaborada um guia para os devidos estudos aprovados pela Congregação para a Educação Católica.
43. Ao pensar em como melhorar a vivência dos clérigos em suas missões pelo habbo, ouvimos as indicações apresentadas pelo Sínodo, dando como propostas o ensino de:
a) formação de cerimoniários, a fim de aperfeiçoarem a prática e servirem com esplendor;
b) Aprofundamento do Missal, Pontifical e Sacramentário;
c) Teologia Litúrgica: Os Sacramentos, com introduções sobre e a realização dos mesmos na realidade habbiana;
d) Teologia Sistemática: Dogmas, o que são e quais;
e) Mariologia e Hagiografia (estudo da vida dos santos), para compreenderem a esfera da intercessão e o culto;
f) Teologia Moral;
g) dentre outros temas que possam se mostrar oportunos.
44. A vivência de uma boa formação permanente seja levada em conta na eleição dos novos Bispos.
CONCLUSÃO
45. Por meio desta Exortação Pós-Sinodal, desejamos louvar e render ação de graças ao Divino Espírito Santo, o Paráclito do Altíssimo, que não cessa de assistir as necessidades da Igreja em seus copiosos âmbitos de atuação no orbe do Habbo Hotel. Rendemos graças, também, ao Senhor pelos diligentes trabalhos realizados durante o XI Sínodo dos Bispos, que procurou meios para reforçar e reformar as dinâmicas em torno da Formação Presbiteral da Igreja, pois “Agora, o Espírito nos concederá o dom da Verdade, o dom da Sabedoria, todos os seus dons, que em nossos corações humanos nos ensinarão a discernir a voz de Deus no meio de nossas vontades e desejos’’ (Homilia, 17/05/2021).
46. Sendo assim, para o bom êxito da nossa missão evangelizadora no Habbo Hotel e para o aprimoramento das formações, ESTABELECEMOS e DECRETAMOS, a partir deste Documento, estas novas regras, as quais todos os clérigos ligados a esta Cátedra de São Pedro estão obrigados.
47. Por fim, recomendamo-nos ao patrocínio de São João Maria Vianney e São Lourenço, São João Paulo II e São Filipe Néri, São João Bosco e São Luis Gonzaga, todos os santos pastores e seminaristas, São Pedro e São Paulo e todos os Apóstolos, todos os anjos e santos e santas de Deus, e de modo especial à Bem-Aventurada Virgem Maria, a quem nos dirigimos dizendo:
mas tu soubeste por primeiro, como era formar Deus.
Formaste em teu ventre o Cristo Jesus,
Filho único do Pai, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.
Forma agora, Mãe, em nossos corações,
o vosso Divino Filho.
Sem isso, Maria, não poderemos formar Cristo nos outros.
Santíssima Mãe, vós cuidastes de Jesus
nos tempos que era um pequenino no Egito e na Galileia.
Nós somos pequenos diante do ministério que temos que realizar.
E o que poderíamos fazer, se não recorrer a vós?
Ajude-nos, para que nossa pequenez,
como a vossa pequenez,
seja do agrado do Pai,
para que por nós ele possa realizar a sua obra.
Maria, ajuda-nos na formação dos sacerdotes.
Dai sabedoria e mansidão aos reitores e formadores.
Dai impulso missionário a todo o clero, promotor vocacional.
Sede vós mesma a Mãe de todas as vocações que brotam em nossa Igreja.
Dai-nos a humildade de compreender que não estamos prontos,
mas estamos em constante formação e transformação,
para melhor servirmos a seu Filho e aos nossos irmãos e irmãs.
Intercede ao Filho pelas nossas intenções
e ele, que lhe era obediente, nos ensinará a também
sermos obedientes a ti, pois és modelo da Igreja.
Mãe, com amor filial te pedimos, por fim:
ajuda-nos a produzir frutos,
pois é hora de frutificar o XI Sínodo dos Bispos,
é hora de frutificar a nossa formação.
Dado e passado em Roma, junto a São Pedro, no décimo sexto dia do mês de junho do ano Jubilar de dois mil e vinte e um, primeiro de Nosso pontificado.
Servus Servorum Dei