BONIFACIUS, EPISCOPUS,
SERVUS SERVORUM DEI
Ao Departamento das Celebrações Litúrgicas do
Sumo Pontífice e a todos que estas letras chegarem, nossa bênção paternal
A Santa Igreja se enche de reverência e gratidão ao celebrarmos a memória gloriosa de São Tarcísio, aquele que, no alvorecer da Igreja, foi agraciado com a coroa do martírio por amor à Sagrada Eucaristia. Neste dia, voltamos nossos olhares para este jovem herói da fé, que, no fragor da perseguição e diante do ódio dos inimigos de Cristo, preferiu sacrificar a própria vida a permitir que as Santas Espécies fossem profanadas.
Tarcísio, acólito da Igreja de Roma, viveu em uma era de perseguição, quando o imperador Valeriano, em sua cegueira, perseguia com furor os seguidores de Cristo. No entanto, foi em meio a essa tempestade que a luz da fé brilhou com maior intensidade, encarnada no exemplo deste jovem que, com coragem sobre-humana, acolheu o encargo de levar o Corpo de Cristo aos prisioneiros e enfermos. Ao oferecer-se para essa nobre missão, Tarcísio, em sua pureza e zelo, encarnou a essência do verdadeiro servidor do altar, consagrando-se inteiramente ao serviço do Senhor.
Em seu caminho de sacrifício, Tarcísio encontrou aqueles que, ignorando o mistério que ele carregava, procuraram arrancar de suas mãos a Hóstia consagrada. Mas, como um leão que defende seus filhotes, o jovem acólito, cheio do Espírito de Deus, apertou o Pão dos Anjos contra o peito e resistiu até o último suspiro, preferindo ser esmagado pela fúria dos pagãos a entregar o Santíssimo Sacramento à profanação.
O martírio de São Tarcísio é uma lição eterna para todos os que servem ao altar de Deus. Este jovem, que foi chamado à glória eterna ainda em sua juventude, nos ensina que o serviço litúrgico não é apenas uma tarefa, mas uma vocação sagrada que exige de nós a mais profunda reverência e o mais ardente amor. Não é apenas nos momentos de paz, mas também nos de provação, que somos chamados a demonstrar nossa fidelidade a Cristo, imitando o exemplo de Tarcísio, cuja fé não vacilou nem diante da morte.
Ao celebrarmos esta festividade, dirigimos um especial apelo a todos os coroinhas, acólitos e cerimoniários, e neste em especial ao Departamento das Celebrações Litúrgicas, que dedicam-se ao serviço do altar. Que a lembrança de São Tarcísio seja para vós uma fonte de inspiração e de força. Que seu exemplo vos impulsione a desempenhar vossas funções litúrgicas com um coração puro, uma alma cheia de devoção e um espírito de sacrifício. Assim como ele ofereceu sua vida em defesa da Eucaristia, que vós também possais oferecer cada gesto, cada ação, como uma oferenda de amor ao Senhor, sendo verdadeiros guardiões do sagrado.
Exortamos, ainda, todo o povo de Deus a olhar para São Tarcísio como um modelo de fidelidade e amor a Cristo Eucarístico. Em tempos de crise e incerteza, que seu testemunho nos recorde da importância central da Eucaristia em nossa vida cristã. A exemplo de Tarcísio, sejamos todos chamados a uma maior devoção e zelo pelo Santíssimo Sacramento, reconhecendo n'Ele a presença viva e real de nosso Salvador.
Invocando a intercessão do jovem mártir, pedimos ao Senhor que infunda em todos os seus servos um renovado ardor e uma fervorosa dedicação ao serviço litúrgico. Que São Tarcísio interceda por nós junto ao Trono da Graça, para que, fortalecidos em nossa fé, possamos continuar a servir ao Senhor com fidelidade, coragem e amor inabaláveis.
Dado em Roma, aos quinze dias do mês de agosto, na solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, no ano do Senhor de dois mil e vinte e quatro, primeiro de nosso pontificado.
+ BONIFACIUS, Pp. II
Pontifex Maximus