CARTA APOSTÓLICA
DO ROMANO PONTÍFICE
IOANNES PP. III
DE CONVOCAÇÃO DO ANO SACERDOTAL
DIRIGIDA A TODOS OS PRESBÍTEROS DA SANTA IGREJA
AD PERPETUAM REI MEMORIAM
Transcorridas as festividades dos quinze anos da santa Igreja enquanto veículo de evangelização no Habbo Hotel, somos chamados a repensar, assim como no Concílio de Jerusalém, no sacerdócio que brota do Coração de Cristo e sua oferta à Igreja. Por isso, assim como Cristo que assume nas águas do rio Jordão o seu compromisso com o Pai, desce sobre nós o Espírito de amor, e, como ungidos e eleitos do Pai, somos convocados a erguer o povo régio, nação santa e casta sacerdotal para o louvor e a glória de Deus (Cf. 1Pd. 2, 9). Diante disto, somos chamados a repensar no ministério de Cristo prefigurado desde a antiga aliança, quando firmou com Moisés e Aarão ''um reino de sacerdotes e uma nação consagrada'' (Ex. 19, 6).
Hodiernamente, também nossa Igreja volta-se a este serviço sacerdotal e santificante iniciado desde a tribo de Levi, onde Cristo ''foi por Deus proclamado sumo sacerdote na ordem de Melquisedeque'' (Hb. 5,10), passado também por Cristo e por seus apóstolos aos homens após o mistério de Pentecostes a fim de que todos tomassem conhecimento de ''Cristo, nossa Páscoa'' (1Cor. 5, 7). Deste modo, ''introduzidos na comunhão deste Corpo santo e penetrados nos sagrados mistérios do sacerdócio real e santo (1Pd. 2, 9-10)'' [1], a Igreja conta, no ápice de sua evangelização, com ''os sacerdotes, ministros do Altíssimo e que adoram sua magnificência e deidade, chamados a ser "à imagem de Cristo, sumo e eterno sacerdote (Hb. 5, 1-10; 7,24; 9, 11-28), para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino, como verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento'' [2].
Também na última Ceia, Cristo instituiu o sacerdócio perene e verdadeiro entre os seus apóstolos, ceando com eles e dando seu próprio Corpo, dizendo: ''Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim" (1Cor. 11, 25), e pegando o Cálice da nossa salvação disse também: "Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim" (1Cor. 11, 25). Nesse pensamento o nosso antecessor Paulo II proclamava que ''o Ministério Sacerdotal deve brotar do coração do Pai, pois, um sacerdócio que não se configura no coração amoroso de Deus, está condenado a ruínas. O sacerdócio que brota do coração do Pai não tem medo de se doar, e se doa na gratuidade, na alegria, pois encontra em sua doação uma configuração cada vez mais perfeita com o coração de Deus, sobretudo, vê em si a imagem do Cristo, que doou-se totalmente pela humanidade'' [3]. Outrossim, é a exemplo do próprio Senhor que se doa e liberta o povo com sua graça, levando-o à redenção através de sua cruz, que o sacerdote deve se espelhar no meio de seu povo, sendo sinal da própria misericórdia de Deus.
Sendo assim, utilizando da nossa autoridade apostólica, sob a proteção do Coração eucarístico de Cristo, fonte viva e perene do sacerdócio da Igreja, CONVOCAMOS o Ano Sacerdotal a se iniciar na Festa do Batismo do Senhor, 09 de janeiro, e que se concluirá em 20 de novembro de 2022, solenidade de Cristo Rei do Universo.
Rogamos a bem-aventurada Virgem Maria, a mãe de Cristo feito homem para nossa salvação, ''pedindo-lhe para suscitar no ânimo de cada presbítero um generoso relançamento daqueles ideais de total doação a Cristo e à Igreja'' [4], e que interceda pelo bom êxito deste Ano Sacerdotal.
Dado e passado em Roma, junto a São Pedro, no segundo dia do mês de janeiro do ano do Senhor de dois mil e vinte e um, segundo de Nosso pontificado.
+ IOANNES, PP. III
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REFERÊNCIAS
[1] Constituição Conciliar Sacerdos in Aeternum, Capítulo II, n° XIX.
[2] Ibidem, Capítulo III, n° XII.
[3] Carta Pastoral Pastores Dabo Vobis, n° IV.
[4] Carta de Proclamação do Ano Sacerdotal por ocasião do 150° Aniversário de São Cura D'Ars, 16 de junho de 2009.