CLEMENS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI
SERVUS SERVORUM DEI
CONSTITUTIO APOSTOLICA
DOMINUS NOBISCUM
PELA QUAL SE PROMULGA
A II EDIÇÃO TÍPICA DO SACRAMENTÁRIO ROMANO
AD PERPETUAM REI MEMORIAM
O Senhor está no meio de nós, quando nos reunimos para celebra-lo. Celebramos os inúmeros feitos realizados por Ele, mas, celebramos, acima de tudo, a maravilha da nossa redenção. São Paulo nos diz que nós devemos gloriar-nos na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Gl 6, 14). Na tarde onde celebrávamos este grande mistério do Cristo que sofreria a paixão e morte de cruz, na celebração de sua Santa Ceia, dissemos que "Ele, o cordeiro de Deus, jovem, verdadeiro homem, sem mancha do pecado, se imolou pela nossa redenção" (Homilia na Missa Vespertina "in Coena Domini"). Em sua imolação, Cristo quis perpetuar a sua presença na Igreja, em meio ao seu povo. Sendo Deus, Ele não quis permanecer alheio a vida da comunidade que brotaria no seu sacrifício. Por isso, morto na cruz, o Pai retira de seu lado a Igreja, como Eva fora retirada do lado de Adão quando este adormecera no Paraíso. Do lado aberto do Cristo Crucificado, perfurado pela lança, jorraram sangue e água, a Eucaristia e o Batismo, simbolizando a plenitude dos sacramentos que nos fazem participantes de todo o seu mistério.
De fato, "os sacramentos da nova Lei foram instituídos por Cristo e são em número de sete, a saber: o Batismo, a Confirmação, a Eucaristia, a Penitência, a Unção dos Enfermos, a Ordem e o Matrimônio. Os sete sacramentos tocam todas as etapas e momentos importantes da vida do cristão: outorgam nascimento e crescimento, cura e missão à vida de fé dos cristãos. Há aqui uma certa semelhança entre as etapas da vida natural e as da vida espiritual" (CIC, § 1210).
Em nossa realidade, muito debateu-se ao longo dos tempos acerca da celebração dos sacramentos. Nos tempos recentes, constatou o Concílio de Jerusalém: "Em nossa missão de evangelizar pelos meios virtuais, é necessário realizar a pregação explícita da Palavra de Deus e de todo o rico tesouro que compõem a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Entre estas pérolas da Igreja, está sem dúvida a realização dos sacramentos. Embora a pregação primeira seja necessariamente da Palavra de Deus, a celebração dos sacramentos, mesmo que virtualmente, favorece o encontro da comunidade reunida que apresenta ao Pai suas preces e o louva em espírito e verdade, alimentando a fé e fazendo-a crescer no encontro com o anúncio do Senhor Ressuscitado, presente de forma verdadeira nos tabernáculos dos templos reais (CIC §, 1327). De tal modo que, por meio da realização dos sacramentos, a Igreja pode ser apresentada em sua totalidade, favorecendo o incentivo para a participação daqueles que são virtualmente atingidos pelo nosso trabalho, a fim de que, de forma concreta, passem da presença na comunidade virtual para a comunidade real" (João Paulo VII, Constituição Apostólica Predicate Evangelium, n. 33).
Deste modo, após aquele santo sínodo, iniciou-se um caminho de reforma dos livros litúrgicos. No pontificado de nosso venerável antecessor, Bento V, reeditou-se a IV Edição Típica do Missal Romano, além da promulgação de um missal para a celebração da missa na forma extraordinária do Rito Romano. Já em nosso pontificado, publicamos a III Edição Típica do Pontifical Romano, que havia sido reformado pela última vez no ano de 2018, com Paulo II. Agora, porém, trazemos a luz as reformas do Sacramentário Romano, que culminam em sua II Edição Típica.
Por muitos anos, a Igreja sonhou com um Sacramentário que tivesse não só o modo oficial de celebrar todos os sacramentos, mas, também, trouxesse alguns ritos e bênçãos para os principais momentos da vida comunitária. Com esse fim, no pontificado de Bento IV, foi promulgada a I Edição Típica deste Sacramentário. Ele trazia textos traduzidos conforme o português europeu e carecia de diversos ritos, devido a falta de material que possibilitasse a elaboração destes. Agora, porém, após o contato e os devidos trabalhos com os livros litúrgicos da realidade, podemos entregar um Sacramentário, que combina diversos livros litúrgicos de modo a facilitar o acesso aos diferentes ritos e celebrações. Utilizando da tradução oficial dos ritos para o Brasil, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, com a equipe própria - aos quais agradecemos imensamente - empenhou-se nas últimas semanas para que este novo Sacramentário pudesse ser conhecido por todos.
Enfim, DECRETAMOS e CONSTITUÍMOS a PROMULGAÇÃO da II Edição Típica do Sacramentário Romano, a ser usado por toda a Igreja a partir da presente data. Desejamos que a celebração dos sacramentos, cada um deles, possam fazer com a Igreja mergulhe no mistério de seu Senhor e Redentor, que nos chama a fazer parte de sua família.
Imploramos a intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria e de seu esposo São José, patrono da Igreja, dos santos apóstolos Pedro e Paulo e de todos os apóstolos, santos e santas, e de modo especial dos santos Ponciano e Hipólito que hoje celebramos, para que na celebração dos sagrados ritos, a Igreja possa manifestar a todos a glória do Senhor Jesus Cristo, e todos se lembrem que Deus está no meio de nós.
Dado e passado em Roma, junto a São Pedro, no décimo terceiro dia do mês de agosto do ano jubilar de dois mil e vinte e um, primeiro de Nosso pontificado.
+ Clemens II