CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA
UNUM CORPUS ET UNUS SPIRITUS
PELA QUAL SE ENCERRAM AS ARQUIDIOCESES METROPOLITANAS DE APARECIDA E SÃO PAULO
AD PERPETUAM REI MEMORIAM
Um só corpo e um só Espírito, pois a unidade é a essência que define a Igreja de Cristo. É em torno dessa verdade profunda que o apóstolo Paulo, em sua carta aos Efésios (Ef.4, 4-6), nos convoca à reflexão sobre a universalidade da fé, o chamamento comum e a presença viva de Deus em todos os que Nele creem. A Igreja, portanto, não é fragmentada, mas une-se num só propósito, numa só vocação: anunciar o Evangelho e conduzir o rebanho a pastos de vida eterna, sob a inspiração do Espírito Santo, que opera incessantemente em nossas ações e ministérios.
Inspirados por essa visão de unidade, recordamos que a Igreja não pode ser compreendida como uma simples organização terrena, mas como o reflexo visível da realidade celestial, onde Cristo é a Cabeça e nós, membros de Seu Corpo. A missão da Igreja, portanto, é ser o sacramento da salvação no mundo, o reflexo da graça invisível, tocando cada alma através dos sacramentos, da pregação, e da caridade. Como nos ensina a tradição conciliar, a Igreja é chamada a organizar-se de tal maneira que sua missão seja clara e efetiva, adaptando-se aos tempos, mas sem jamais perder sua essência. A Igreja no mundo, ainda que situada em diferentes territórios e culturas, deve sempre lembrar-se de que é uma só, unida pela mesma fé e pelo mesmo Senhor, que nos confia a tarefa de sermos instrumentos de Sua paz.
Da necessidade de ser Igreja
Ao longo dos séculos, a Igreja tem sido o canal escolhido por Deus para derramar Sua graça sobre a humanidade. É pela Igreja que os sacramentos nos chegam, é por meio dela que a Palavra de Deus é anunciada e, por seu testemunho, os fiéis são chamados à santidade. Ser Igreja é viver a vocação de ser luz para o mundo, de conduzir os povos à verdade e à vida. A missão da Igreja se renova a cada geração, e, por isso, ela precisa estar atenta aos sinais dos tempos, discernindo com sabedoria o caminho a seguir.
A Mãe Igreja, refletida em cada diocese e paróquia, é o braço estendido de Cristo ao mundo. No entanto, para que essa missão seja plenamente cumprida, é necessário um esforço constante de unidade e de fidelidade ao Evangelho. A essência da Igreja não está apenas em suas estruturas, mas na força de sua comunhão, na sua capacidade de agir como um corpo unido, onde cada parte contribui para o bem de todos.
É nesse espírito que se faz necessário, em certos momentos da história, uma reorganização que reafirme a unidade do corpo eclesial. Não se trata de uma mera mudança administrativa, mas de um movimento inspirado pelo Espírito Santo, para que a missão da Igreja continue a frutificar. “Sendo assim, a organização eclesial da Santa Igreja presente no Habbo demonstra sua principal missão: levar à glória da Igreja aos que se encontram neste parâmetro virtual, para que se sintam chamados, de fato, a cerne d'Ela, e, deste modo, possam encontrar-se com suas vocações – de modo especial os chamados ao presbiterado - e ter seu encontro com Deus, que usa-nos de diversas maneiras para conseguir almas para Ele.” (Constituição Conciliar Predicate Evangelium, IOANNES PAULUS VII).
A Diocese de Roma e sua Primazia
Desde os primórdios da Igreja, a Sé de Roma tem ocupado um lugar singular na história da fé cristã. Como sede do sucessor de São Pedro, a Diocese de Roma não apenas representa a unidade visível da Igreja universal, mas também desempenha o papel de farol espiritual e doutrinário para todos os fiéis. A autoridade confiada ao Bispo de Roma é um reflexo direto da missão recebida de Cristo, que concedeu a Pedro as chaves do Reino dos Céus e o comissionou como pastor de todo o rebanho. O Papa, como Bispo de Roma, exerce essa função pastoral universal com o propósito de guardar e preservar a integridade da doutrina, a pureza dos sacramentos e a fraternidade entre todas as igrejas particulares. É em Roma que a tradição apostólica encontra seu ponto de convergência, sendo o centro da comunhão e da coordenação da ação missionária da Igreja em todo o mundo.
Sobre as disposições relativas à reorganização da Igreja
Em comunhão com o Espírito que guia a Igreja e com profundo discernimento, reconhecemos que a Santa Igreja, espalhada pelo mundo, deve sempre manter-se fiel ao seu centro de unidade: a Sé de Roma, o farol que ilumina as nações e sustenta o coração do apostolado. Após muita oração e reflexão, e considerando a necessidade de reforçar essa unidade em tempos de novos desafios e oportunidades, decidimos encerrar as Arquidioceses Metropolitanas de Aparecida e São Paulo, no Brasil, reunindo-as, de agora em diante, na Diocese de Roma. Com a especial necessidade de concentrar nossos esforços na promoção das vocações e na revitalização do apostolado missionário, esta Sé Apostólica vê por bem reduzir o aparato administrativo, buscamos dar maior ênfase ao processo evangelizador, facilitando uma abordagem mais direta e eficaz na formação e na expansão da missão da Igreja. Não se pretende eliminar a rica diversidade das igrejas locais, mas sim integrá-la em um esforço unificado, que amplifica a eficácia da missão da Igreja.
Diante disto, a Sé Apostólica volta seu olhar paternal para a unidade da Igreja, realizando de forma concreta a integração sob sua orientação. Assim, os presbíteros e bispos das antigas Arquidioceses de Aparecida e São Paulo são, a partir deste momento, incardinados ao clero da Diocese de Roma, assumindo todas as implicações pastorais e espirituais desta integração. Ademais, determinamos o encerramento da Nunciatura Apostólica para o Brasil. O cuidado administrativo e pastoral será delegado ao Vicariato Geral para a Diocese de Roma, a quem nomeamos o Eminentíssimo Cardeal Fernando Haddad. Em alinhamento com essa reestruturação, todos os cardeais, tanto eleitores quanto eméritos, anteriormente associados às sedes brasileiras, devem agora dar total prioridade à sua vinculação com a Sé Cardinalícia de Roma.
A continuidade da missão
Ainda que as estruturas eclesiais sejam reorganizadas, a missão da Igreja permanece imutável. O compromisso com o anúncio do Evangelho, a promoção das vocações, e o zelo pelo bem-estar espiritual de todos os fiéis são tarefas contínuas e renovadas a cada geração. A Igreja fundada por Cristo não cessa de caminhar, sustentada pelo sopro do Espírito Santo que a impulsiona a novas fronteiras, sem jamais perder de vista seu fundamento em Cristo.
Essa reorganização não representa um afastamento da missão, mas uma renovação do empenho em ser um só corpo, sob uma só Cabeça. Que a unidade aqui estabelecida seja fonte de maior vigor missionário e de renovado compromisso com a busca das vocações, especialmente em tempos de crescente necessidade pastoral. A missão, fundada há tanto tempo, continua firme e avançando sob a inspiração do Espírito de Deus, que jamais abandona Seu povo.
Confiamos esta nova etapa da caminhada eclesial à intercessão da Virgem Maria, Mãe da Igreja, que nos ampara com seu carinho maternal. Que, sob seus cuidados, a Igreja se mantenha unida, fiel e fervorosa, sempre guiada pelo amor de Cristo. Com toda a Igreja, rezemos:
Ó Mãe do Redentor, do céu ó porta,
ao povo que caiu, socorre e exorta,
pois busca levantar-se, Virgem pura,
nascendo o Criador da criatura:
tem piedade de nós e ouve, suave,
o anjo te saudando com seu Ave!
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