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Exortação Apostólica "Contra Coletivismus"

 
INOCENTIVS, EPISCOPVS
SERVVS SERVORVM DEI
AD PERPETVAM REI MEMORIAM
ADHORTATIO APOSTOLICA
CONTRA COLETIVISMVS
 
PROÊMIO
 
1. "Mas, depois que veio a fé, já não dependemos de pedagogo, porque todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. Todos vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus." [1]. Assim, Cristo veio ao mundo para que não vivêssemos em separação, em coletivização e tampouco em meio a vã doutrina, mas, sim, em um espaço de amor e fraternidade [2].
 
2. No entanto, apesar da sua instituição divina [3], a Igreja vive no mundo presente e luta aqui, ela “prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus” [4], anunciando a cruz e a morte do Senhor até que Ele venha [5]. Assim, a Igreja pode viver sob pressões, transtornos e opressões, mas sempre deve levar consigo a verdadeira esperança [6].
 
3. Um dos percalços que a Igreja enfrenta no mundo é o fenômeno da turba, a multidão que não segue pela própria motivação, mas, sim, pela vantagem. A massa cresce, apodera-se e ameaça. A multidão vive atrás do que aprazível [7], mas não segue o Caminho [8]. Assim, torna-se percalço [9]. Impelimo-nos, com autoridade apostólica, a discorrer e promover o combate a este fenômeno que, ao tomar corpo de Igreja, é maldição para vida da verdadeira Igreja.
 
OS COLETIVISMOS
 
4. O fenômeno da formação de massas, já bem observado na realidade, é a tendência originada do advento destas ao poderio social. Sendo um fenômeno importante para entender a vida pública, entende-se a gênese das massas como a deformação da fisionomia do estatuto social, hierárquico e, na Igreja, a deformação do estatuto clerical. Mais hierarquia eclesial e a ordem são dadas em fins de que sejam observadas com todas as suas prerrogativas [10].
 
5. No entanto, a posse de lugares, utensílios e regiões de potestade por parte da multidão, ou seus representantes escusos, faz com que se deforme o próprio múnus e se degenere a existência do domínio. A multidão, o quantitativo e visual, quando avança às lotações e posições, toma para si o lugar daquilo que é efêmero, contrariando o conselho do Salvador [11].
 
6. Assim, com seu coração colocado na temporalidade, a multidão que “segue” o Mestre não consegue viver plenamente [12], com a frutificação necessária [13]. Ao contrário, preocupa-se com a perpetuação de seu domínio e nada mais. Esta multidão sofrera a massificação, seus integrantes deixam por identificarem-se em sua individualidade e, portanto, não reconhecem outro valor senão o de sua causa.
 
7. Este homem que é parte da multidão, médio e medíocre, não se diferencia dos outros, converge a uma só ideia e suplanta toda e qualquer razão obstante à sua. Os fatos psicológicos do homem massa são visíveis, a saber que exige muito mais de outros, que não ele e seu grupo, do que de si, como também acumulam muitos “deveres” que os obstam a fazer algo. Porém, sua conveniência está latente e pronta a praticar o oportunismo.
 
8. Especialmente, o massificado vive privado da beatitude, que fora dada pela superabundante redenção em Cristo Jesus. É desordem a si mesmo: “tu estabeleceste, e assim sucede, que toda alma desordenada seja castigo para si mesma” [14]. Em sua vivência de Igreja, não se permite viver o sofrimento e a esperança da glória [15].
 
9. O característico do momento da massificação é a completa vulgarização: o homem vulgar, sabendo-se vulgar, tem a audácia de afirmar o direito à vulgaridade e o impõe a toda parte. Sim, por força e violência, se o impõe.  Assim, a massa sufoca tudo que é diferente, magnânimo, glorioso, ordenado, individual, qualificado e seleto.
 
10. Pergunta-se, porém, como o estilo da massa poderia se sobrepor à vida comum, eclesial. É visível, porém, que, com a deturpação e incessante trabalho da deformação da realidade, a Igreja pode ser subvertida ao poder de massa, ao seu juízo e à sua revelia. É pela ignorância [16] e pelos maus pastores [17] que a Igreja sofre. O triunfo da massa é possível por seu acesso deliberado aos meios. Também o tecnicismo a faz crescer em poder.
 
11. Certamente, a técnica bem empregada é proveito para a vida eclesial, para o homem comum e a para o povo de Deus. No entanto, “hoje se vê com clareza cada vez maior que a sua indevida exaltação cegou os olhos dos homens modernos, tornou surdos os seus ouvidos, a ponto de se verificar neles o que o livro da Sabedoria flagelava nos idólatras do seu tempo: são incapazes de reconhecer através do mundo visível Aquele que é.” [18].
 
12. Assim, a inconsciência e brutalidade do homem-massa, homem-técnica, é latente. Na Igreja, o homem assim traz perigo espiritual, pois é raso e totalmente suscetível à vergonha da ignorância. Ele não conhece “qual é a largueza, o comprimento, e a altura, e a profundidade, e o conhecimento da caridade de Cristo. ” [19].
 
13. Presente este mesmo espírito de ignorância no materialismo dialético, o tecnicismo e a massificação são armas pesadas que se posicionam contra a verdadeira vida em comunidade, fraternidade e união de Cristo. Viver na técnica e no desconhecimento da pessoa de Cristo e da pessoa que se é faz com que não se possa ver quem é iluminado da luz nem animado da vida, que é o Verbo, esplendor da glória de Deus [20].
 
14. Na altura dos tempos, assim, as massas presenciaram o decaimento da vida, o encolhimento vital [21], e, inclusive, na esfera eclesial. O tempo de plenitude, ou paz razoável da vida média, passou, pois que não há mais preparação, mas, sim, ameaça.
 
15. Por fim de definição, a massa procurará sempre trabalhar seu poder quantitativo contra a Verdade. Assim, com intenção maligna [22], procura subverter a ordem por seu trabalho paralelo e transitório na maquinação do mal. No entanto, vive a Igreja militante, que propõe os remédios eficazes e dolentes para a contenção de todo mal que possa sobrevir.
 
A JUSTIÇA, A OBEDIÊNCIA E A CARIDADE
 
16. “Permanecei e eu permanecerei em vós: o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." [23]. Somente com a permanência, com espírito caridoso, justo, orante e obediente é possível suplantar os males do coletivismo.
 
17. Como a Virgem Santíssima [24], que escutara a voz do seu soberano Senhor, a Igreja é convidada a ouvir a voz de seus pastores para que haja concórdia e suplante do mal coletivista. Pois que uma vez Cristo e reuniu a todos, não é possível ajuntar-se um só povo em duas ou mais agremiações: una é a Igreja, e um só é seu Mestre. Portanto, além de interesses temporais, a Igreja é convidada a avançar em águas mais profundas [25] de justiça, obediência e caridade.
 
18. A justiça, esta virtude e hábito [26] pela qual os homens são convocados a viver em um parâmetro moral tal de suas ações, é requerida para maior organicidade do clero. Não com vingança e nem talião, mas com mesura e prudência, a justiça deve compreender a devida proporção dos privilégios, das demandas e das atividades para cada clérigo.
 
19. A regra para agir do clérigo, junto à justiça, proporção necessária deve abarcar, também, a máxima moral que resume a regra de ouro: “faze o bem e evita o mal” [27], para que se evitem os impasses e irrupções comportamentais que deem ensejo a procura pelo coletivismo por parte daqueles que porventura se sintam desregrados, desvalorizados ou inadequados à messe.
 
20. Tenha, também, a Igreja o espírito obediente como de seu Senhor [28], aprenda a suportar os percalços e persevere na verdadeira esperança que sempre subsiste, e na verdadeira caridade que surge da vida em Cristo [29].
 
21. Lembre o clero sempre, também, da importância da perfeita união destes elementos, como sínolo, para a verdadeira frutificação e afastamento do coletivismo. “Da mesma forma o coletivismo vê no homem uma característica social tal que somente em coletividade se poderia afirmar o valor de si. A dignidade do homem, que é necessária para executar o trabalho da caridade, e submeter-se à disciplina da diligência e obediência, torna-se fundada, ou melhor, reduzida, na condição de uma simples parte ou aspecto do todo que consiste o coletivo (...) Porém, o ato cristão fundamental não reside no indivíduo considerado em si e somente no seu prazer, nem tampouco na coletividade enquanto ela mesma. São formidáveis abstrações que alheiam o homem da verdadeira vontade de Deus: o bem ao outro e a justiça como caridade. ” [30]. O perfeito vínculo encaminha a paz.
 
CONCLUSÃO
 
22. Por assim dito, resulta ao entendimento que a desindividuação leva a perda de responsabilidade pessoal por parte do clérigo, agindo o sujeito, agora, não mais segundo sua ética, senão como a do seu coletivo. A partir das leis e regras que o papel que seu grupo toma, o clérigo vive embrenhado à mediocridade e à impotência, afastado da beatitude e da força de Cristo.
 
23. “Nunca porém qualquer materialismo se mostrou meio apto para implantar a paz, sendo esta, antes de mais , atitude de espírito e só, secundariamente, equilíbrio harmônico de forças externas [31]. Resulta, também, que este apego à temporalidade é ineficiente ao alcance da paz, da mesura e da caridade.
 
24. A verdadeira ação cristã reside na devoção aos ensinamentos do Verbo de Deus, e a obediência aos ensinamentos da Igreja. Preserve o clérigo o afastamento das ideologias, deturpadoras da realidade e fortificadoras do mal, e vise ele à oração e à vida comunal.
 
25. Ouça estes nossos anseios a Mãe de Deus, a Imaculada Virgem Maria, que por sua intercessão, cheguemos à perfeição cristã. Que, pela efusão do Espírito Santo, afaste-se o mal do extremismo e da cegueira, e se achegue ao Pai.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no décimo nono dia de outubro do ano de dois mil e vinte e um, segundo do meu Pontificado.
 
+INOCENTIVS, Pp. VI
PONTIFEX MAXIMVS
 
REFERÊNCIAS:
 
[1] cf. Gl.3, 25-28.
[2] cf. At. 2, 42-47
[3] cf. S. Mt. 16, 18.
[4]cf. Lumen Gentium, I, 8
[5] cf. I Cor. 11, 26
[6] cf. S. Mt. 28, 20; Is. 40, 31
[7] cf. S. Jo. 6, 2
[8] cf. S. Jo. 14, 6
[9] cf. S. Mt. 12, 30
[10] cf. II. Tm. 2, 2.
[11] cf. S. Mt. 6, 19-21.
[12] cf. Gl. 5, 22-26.
[13] cf. S. Jo. 15, 1-5.
[14] cf Confessiones, Augustinus Hipponensis, I.
[15] cf. II Cor.4, 17.
[16] cf. Os. 6, 5-6.
[17] cf. Zc. 11, 17.
[18] cf. Pio XII, Sobre os Perigos do Tecnicismo, Radiomensagem do Natal de 1953, 4.
[19] cf. Ef. 3, 18-19.
[20] cf; Hb. 1, 3
[21] cf. Odes Horatii, III, 6.
[22] cf. S. Jo. 8, 44.
[23] cf. S. Jo. 15, 4-5.
[24] cf. S. Lc. 1, 38.
[25] cf. S. Lc. 5, 4.
[26] cf. Ethica Nicomachea, Aristotelis Opera Omnia, II, 5 e 6, 1105b-1106a.
[27] "Omnes inclinationes quarumcumque partium humanae naturae, puta concupiscibilis et irascibilis, secundum quod regulantur ratione, pertinent ad legem naturalem et reduncuntur ad unum primum praeceptum [del bonum faciendum et malum vitandum]." Sancti Thomae Aquinatis.
[28] cf. S. Mt. 11, 29.
[29] cf. I Cor. 13, 1-8.
[30] cf. Inocêncio VI, Factibilis Opera Amoris16-17.
[31] cf. Pio XII, Sobre os Perigos do Tecnicismo, Radiomensagem do Natal de 1953, 19.