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Exortação Apostólica Pós-Sinodal Templum Dei

EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL
TEMPLUM DEI

DO SANTO PADRE
PIO V

AO EPISCOPADO,
AO CLERO,
E AOS FIÉIS LEIGOS,
SOBRE
O DECORO NO ESPAÇO ECLESIÁSTICO E
OS OFÍCIOS DEVOCIONAIS NO CLERO

INTRODUÇÃO

1. Tem-se observado no decorrer deste pontificado e também no governo de nossos predecessores, que a importância do espaço sagrado onde se oferece o culto Cristão visível e Social á Deus através da Liturgia, o claro desdém por parte dos pastores, que do local sacro deveriam zelar.

Sendo o templo, o local sacro e físico que erguemos para a Maior Glória de Deus, os clérigos que deles zelam passaram a portar-se de forma repreensível até mesmo diante dos fiéis leigos, aos quais saem, por tal vilipêndio interno, escandalizados.

No decorrer do VI Sínodo Geral dos Bispos, o decoro no espaço eclesiástico esteve entre as principais e mais discutidas pautas, uma vez que o desdém pastoral ao sacro torna-se á tal ponto crítico que torna-se visível á Cidade Eterna pondo risco a fé a ao exemplo do Divino Fundador.

I PARTE
DOMUS DEI

O espaço eclesiástico

2. Durante os primórdios do Cristianismo, em que prevaleceram as perseguições promovidas pelo Império Romano e sua religião oficial de culto ao imperador, os cristãos reuniam-se comumente para suas devoções e para assistir ao Santo Sacrifício em lugares subterrâneos, escuros e solitários que ainda subsistem em Roma e em outras partes, chamados catacumbas ou cemitérios. [1]

Ao fim das perseguições, tendo acabado de sair vitoriosa da guerra exterior do paganismo e de vencer a prova das ferozes perseguições, a Igreja de Cristo, assaltada por inimigos interiores, entrava em guerra intestina, muito mais terrível. [2]

Unicamente com o auxílio da Divina Providência, a igreja pôde desfrutar de breve paz, para assim preservar e defender publicamente seus valores perenes, transmitidos pela tradição, o magistério e a Sagrada Escritura.

O decoro no espaço eclesiástico

3. Jesus subiu ao templo como quem sobe ao lugar privilegiado de encontro com Deus. O templo é para Ele a casa do seu Pai, uma casa de oração, e indigna-Se com o fato de o átrio exterior se ter tornado lugar de negócio (379). Se expulsa os vendilhões do templo é pelo amor zeloso a seu Pai: «Não façais da casa do meu Pai casa de comércio». «Os discípulos recordaram-se de que estava escrito: "O zelo pela tua casa devorar-me-á" (Sl 69, 10)» (Jo 2, 16-17). Depois da ressurreição, os Apóstolos guardaram para com o templo um respeito religioso (380).[3]

Assim como Nosso Senhor contemplava o templo sabendo que este era lugar de encontro com Deus e verdadeira casa de oração, vê o leigo em sua boa fé ao adentrar aos átrios sagrados na esperança de encontrar a mais pura essência de sua fé e o respeito que tal local exige.

4. Ao deparar-se com o vilipêndio e o desrespeito geral, o templo tendo sido tomado por vendilhões, inflamou-se Nosso Senhor pela Santa Ira, ao ver diante de seus olhos, a profanação da Casa de Seu Pai, assim, de forma semelhante o leigo escandaliza-se ao perceber que o local sagrado, a Igreja, real casa de oração, torna-se local de zombaria e conversas infrutíferas ao clero e ao povo de Deus.

Pelo bem do povo de Deus, roga esta Sé que se cessem as observações, comentários e todo tipo de declaração escandalosa nos locais sacros e principalmente no decorrer do Augusto Sacrifício, preservando assim a dignidade do espaço eclesiástico e observando rigorosamente o decoro devido.

II PARTE
EXAUDI NOS, DOMINE

A importância da oração no clero

5. O ato de orar é a forma mais pura elevar a alma completamente á Deus, é exclusivamente na oração que voltamo-nos inteiramente a Ele para pedir ou agradecer, mas, primeiramente, para louvá-Lo. Orar é uma necessidade vital. A demonstração do contrário não é menos convincente: se não nos deixarmos conduzir pelo Espírito Santo, recairemos na escravidão do pecado. Ora, como pode o Espírito Santo ser a «nossa vida» se o nosso coração estiver longe d'Ele?[4]

Atualmente, o clero buscou afastar-se da oração para unicamente voltar-se a celebração da Santa Missa, mas e a oração pura e genuína oferecida junto aos fiéis leigos e os demais ofícios piedosos? Se a Igreja passa a abandonar a oração, o leigo também o fará, uma vez que não tem em quem espelhar-se.

6. A Liturgia das Horas, é um precioso auxílio, tanto para o clérigo quanto ao leigo, que busca a santificação do dia pela prece universal da Igreja. Tamanha riqueza da fé não pode ser desprezada, mas por seu inestimável valor, deve-se rezá-la com frequência no decorrer das horas canônicas, na busca de uma transmissão mais genuína da fé católica, expressa na lex orandi.

O Rosário da Virgem Maria

7. De forma especial e singela, o Santo Rosário também deve fazer parte da vida clerical, podendo ser compartilhada com os leigos nas mais diversas ocasiões, sendo um meio de salvação e inúmeras graças, recordamos como na Santa Missa, a vida e a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

No Evangelho de São João, temos o belo exemplo de como é o Rosário; "Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis. Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes." (S. João XXI, VI). Assim é o Rosário, como uma rede de pesca jogada por Nossa Senhora, mantém a nós salvos do perigo do pecado e da perdição eterna.

CONCLUSÃO
Propaganda fide

8. No ardente desejo da transmissão genuína da fé e de sua sã doutrina, na busca da verdadeira transformação do sacerdote em um "outro Cristo", o decoro no espaço eclesiástico torna-se não somente necessário, mas dever do clero e dos leigos, zelar para que que assim se faça, pois só com o verdadeiro e santificante exemplo dado pelos propagadores da boa nova, a Igreja poderá restaurar o reinado de Cristo dentro de si, uma vez que sem Cristo, não pode e nem há motivo de se haver Igreja.

A propagação da fé, só será possível com o fim da relaxação dos costumes, que adentrando a igreja pelas portas escancaradas do modernismo, tem buscado a deturpação da sã doutrina através daqueles que a deveriam transmitir.

9. No firme desejo de que a sã doutrina seja transmitida de forma integral, a oração deverá se tornar comum no cotidiano clerical, uma vez que esta faz parte da integralidade da fé. Se oramos é porque temos fé, é na oração que pedimos a propagação desta fé e damos graças por estarmos unidos á Deus nesta mesma fé. Voltemo-nos á Deus, elevemos á Ele as nossas almas em oração pela Igreja, pelo clero, pela santificação dos sacerdotes e pela conversão dos pecadores, somente neste ato puro de louvor e petição, encontrará a Igreja a resposta para as tribulações que o mundo a impõe.

+ Pius Pp. V
Servum Servorum Dei


[1] São Pio X, Breves Noções de História Eclesiástica.
[2] Ibidem.
[3] Catecismo da Igreja Católica, §584.
[4] Catecismo da Igreja Católica, §2744.