EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL
RENOVARE IN CHRISTO
DO SANTO PADRE
BENTO VI
AOS CARDEAIS, BISPOS,
PRESBÍTEROS, DIÁCONOS,
RELIGIOSOS E RELIGIOSAS,
SEMINARISTAS,
LEIGOS E LEIGAS,
SOBRE A RENOVAÇÃO NECESSÁRIA À IGREJA.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
A comunicação
CAPÍTULO II
A ação missionária
CAPÍTULO III
Os institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostólica
CAPÍTULO IV
A formação
CONCLUSÃO
+ Benedictus VI
RENOVARE IN CHRISTO
DO SANTO PADRE
BENTO VI
AOS CARDEAIS, BISPOS,
PRESBÍTEROS, DIÁCONOS,
RELIGIOSOS E RELIGIOSAS,
SEMINARISTAS,
LEIGOS E LEIGAS,
SOBRE A RENOVAÇÃO NECESSÁRIA À IGREJA.
INTRODUÇÃO
1. PARA RENOVAR EM CRISTO todas as coisas, aprouve o Pai Eterno, em seu desígnio de amor, reunir todas as coisas no seu Filho, Jesus (cf. Ef 1, 10). De fato, o Cristo Senhor foi posto pelo pai como o ponto de convergência de todas as coisas, e já quando a humanidade caiu em Adão, o Pai predestinou que na plenitude dos tempos o Filho assumiria a natureza humana para resgatar todos aqueles que tiveram sua natureza ferida pelo pecado. Quando “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1Cor 5,7) no altar da cruz e vencendo a morte ressurgiu vitorioso, todas as coisas foram recriadas e renovadas no amor.
2. Para que essa renovação fosse constantemente atualizada na história de seu povo e a salvação chegasse até os confins da terra, Cristo Jesus enviou seus apóstolos para irem por todo mundo e anunciarem o Evangelho a toda criatura e a todos batizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, para que se tornassem seus discípulos e discípulas (cf. Mc 16, 15; Mt 28, 19). Assim, a Igreja sempre resplandeceu como o povo reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo (cf. São Paulo VI, Lumen Gentium, n.4).
3. A Igreja no Habbo Hotel, estabelecida no ano de 2006 “tem por missão evangelizar, sendo chamada ao serviço da pregação da Palavra de Deus, bem como do âmbito pastoral, acarretando os fiéis leigos e clérigos uma experiência pastoral, o exercício do sacerdócio régio, o nosso sacerdócio batismal. Somos, portanto, 'geração escolhida, sacerdócio régio, gente santa, povo de conquista' (1Pd 2,9), chamados a dar testemunho no habbo de como é Cristo, o pontífice e mestre dos fiéis congregados em Sua Igreja, do qual é Esposo e Cabeça.” (João Pulo VII, Constituição Conciliar Praedicate Evangelium, n.25).
4. Mas, com o passar dos tempos, acumulou-se sobre nossa missão evangelizadora uma camada de poeira, que nos impede de sermos a Igreja evangelizadora e missionária que sonhamos e devemos ser. Por isso, convocamos o XII Sínodo para os Bispos, a fim de renovarmos a nossa missão, as nossas concepções e modos de agir frente algumas situações bem particulares de nosso ser eclesial. Os padres sinodais estiveram reunidos na cidade eterna de Roma, entre a Solenidade da Imaculada Conceição, 08 de dezembro, e o dia 15 de dezembro, reunindo-se para celebrar a Eucaristia em diferentes ritos, mas, de modo muito especial, para as quatro sessões sinodais que discerniram acerca dos institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostólica, da comunicação eclesial, das ações missionárias e da formação do clero. Tudo que foi discernido pelos padres sinodais e que consta no Documento Final do Sínodo, foi por nós também discernido, de modo que exortamos toda Igreja ao que segue.
CAPÍTULO I
A comunicação
5. O ser humano sempre teve o anseio por comunicar-se. Nos tempos recentes, com as mídias sociais e a internet, a comunicação ganhou destaque e esses recursos devem também ser empregados para a evangelização (cf. São Paulo VI, Inter mirifica, n. 2). “Estando presente em um meio virtual, a Igreja, sinal visível do Reino de Deus, busca aproximar muitos jovens que da realidade se afastaram do Verbo Eterno e busca orientá-los na fé para uma vivência cristã autêntica na realidade.” (Documento da Comissão para a Comunicação).
6. Os padres sinodais constataram a diferença do público que acessava o Habbo há dezesseis anos atrás, ou há dez, ou há cinco, e o público atual. Para fazer com que a Igreja do Habbo seja conhecida e assim se atraiam novos clérigos, o Dicastério para a Comunicação deverá movimentar as mídias sociais da Igreja, como o Facebook, o Instagram, Twitter e até TikTok e Youtube. Seja fomentado no clero o gosto pela divulgação da Igreja e, assim, do Evangelho de Cristo, sem nunca perder de vista que a nossa evangelização se realiza dentro do Habbo.
7. O mesmo Dicastério para a Comunicação deverá elaborar uma Instrução Pastoral para o serviço de divulgação nas redes sociais.
8. O Dicastério para a Comunicação deve ser, ainda, moderador das redes sociais dos clérigos (com seus nomes do Habbo), orientando e até punindo em casos de brigas, discussões mesquinhas, futilidades e conteúdos impróprios nos perfis clericais.
9. Os tribunais da Igreja devem punir e afastar de nosso meio os que cometem crimes cibernéticos, de modo especial os de cunho sexual, como o abuso de menores, que não deve ser jamais admitido na Igreja.
CAPÍTULO II
A ação missionária
10. Todo o clero deve se empenhar no espírito missionário. Nossa missão pode ser efetuada de diversos modos. Nunca se poderia perder de vista que todas nossas ações são evangelizadoras. Porém, já o XI Sínodo dos Bispos e agora o XII Sínodo dos Bispos constaram que a teoria sobre a missão está longe de ser colocada em prática, muito devido a falta de atitude da estrutura eclesial. Esta estrutura, porém, precisa ser renovada.
11. O Dicastério para a Evangelização e as Arquidioceses devem promover regularmente, ao menos mensalmente, missões pelos quartos. Estas missões devem ser adotadas, também, pelos outros organismos da Igreja. Mas, não se deve simplesmente gritar para que todos vão para a Igreja. É preciso que essas missões sejam de tal modo organizadas e bem preparadas, que alcancem as pessoas, que se converse com as pessoas, e seja proposto a elas o Senhor Jesus Cristo.
12. Promova-se, ainda, rodas de conversas, retiros, momentos de espiritualidade, procissões, adorações ao Santíssimo, orações do terço, e atendimento de confissões durante todo ano, além de mutirões de confissões, estes, especialmente na quaresma.
13. Os clérigos devem se empenhar em engajar o laicato na vida da Igreja e ter, com todos eles, uma relação saudável e amistosa.
14. O Dicastério responsável pelos leigos, deve criar uma apostila catequética básica para os leigos e criar, manter e fomentar, grupos de catequese no Habbo. Na apostila catequética se instrua, em linguagem clara e simples, sobre o sentido da igreja no habbo e sua hierarquia, sobre a celebração da missa, o ano litúrgico, sobre as sagradas escrituras, e suscintamente sobre a fé da Igreja, fazendo um anúncio querigmático.
CAPÍTULO III
Os institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostólica
15. Os membros dos institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostólica, em seus diferentes carismas, tem sua relevância na vida eclesial e devem colaborar na construção da Igreja no Habbo. Imitando mais de perto a Cristo, obedecendo aos conselhos evangélicos, os consagrados e consagradas devem viver a abnegação de si próprios em prol do anúncio do Reino de Deus.
16. Dentro do próprio carisma dos institutos de vida consagrada e das sociedades de vida apostólica, os religiosos e religiosas devem se empenhar em viver com mais profundidade seu carisma, de modo que os superiores devem fomentar momentos comunitários de formação, oração e vivência dentre os membros de seus institutos e sociedades.
17. Além dos carismas próprios, os institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostólica tem por obrigação promover uma evangelização semelhante a proposta no capítulo anterior, além de se empenharem no atendimento e anúncio de pessoa a pessoa, promovendo o encontro pessoal com o Ressuscitado. Os institutos e as sociedades devem promover regularmente as missões, ao menos mensalmente.
18. Os que frequentam os ambientes dos institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostólica devem ser formados para o contato com as doutrinas e vivências daquela comunidade e, assim, poder-se-á fomentar vocações também para a vida religiosa. Estimule-se, ainda, vocações leigas dentro das comunidades religiosas, pois “os dons hierárquicos dos pastores e os dons carismáticos dos consagrados leigos são pilares complementares.” (Documento da Comissão para a vida religiosa e consagrada).
19. Os institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostólica, junto com o respectivo Dicastério, devem estabelecer uma sequência formativa a ser administrada nas guardianias conventuais e mosteiros, que reúna os princípios destas vivências, e seja ocasionalmente aplicada nos leigos que ali frequentam, unindo seus eventos ao despertar vocacional.
20. No ato de abertura de novos institutos ou sociedade, deve ser feita a inspeção do bom contato dos fundadores com a comunidade de fé na propagação do carisma, permitindo a passagem das operações não canônicas a canônicas, sendo que, posta sua ereção, a estabilidade da família religiosa esteja mais garantida.
21. Quando os institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica não viverem de acordo com seu carisma e não levarem em conta a evangelização proposta, deverão ser corrigidos pelo respectivo Dicastério e fechados, se necessário, sempre tendo em mente que os institutos e sociedades não devem ser apenas o vestir de um hábito, mas, um modo de agir.
CAPÍTULO IV
A formação
22. A Igreja tem consciência que nasce do coração de Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote e que se constitui como um povo sacerdotal e isto se manifesta de modo especial, desde sua fundação no Habbo, por meio dos diversos ministérios desenvolvidos dentre os que receberam as ordens sacras nesta realidade.
23. O XII Sínodo dos Bispos faz questão de recordar que: “O testemunho, o tempo e a dedicação que empreendemos ao nosso ministério poderá ser o primeiro contato e a primeira formação de um jovem que, ao ver nossos ritos, paramentos e formas de agir, ficará encantado e desejará ingressar em nosso apostolado. Deste modo, a formação não deve ser apenas uma excessiva aula de textos, mas sim um caminho que a Igreja disponibiliza ao vocacionado para aflorar ainda mais o seu desejo de unir sua vida com a de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Documento da Comissão para a formação).
24. A Igreja, desde o sínodo do ano de 2021, discerniu acerca das dificuldades da formação presbiteral em nossa Igreja, seja no estágio inicial, seja na formação continuada. Estas dificuldades existentes até hoje foram também refletidas pelos padres sinodais neste último XII Sínodo dos Bispos.
25. Ficam mantidos quinze dias de formação obrigatória do seminarista, dentre o ingresso no seminário e a ordenação presbiteral, sob a cabível sanção dos responsáveis. A dispensa para um prazo menor para a ordenação presbiteral só pode ser conferida pelo respectivo Dicastério responsável pela formação.
26. Será criado, na Cúria Romana, um Dicastério próprio para a formação inicial dos futuros presbíteros e diáconos, que será responsável pela preparação dos formadores dos seminários com o intuito de que todos os nomeados sejam devidamente informados e ensinados quanto às normas para nova formação, tendo como base a Instrução do Dicastério, que deverá ser redigida novamente após este Sínodo, e o estudo profundo da Exortação Pós-Sinodal Fecerunt Me e desta Exortação.
27. Este mesmo Dicastério deverá aprovar cada ordenação, seja diaconal ou presbiteral.
28. O supracitado Dicastério deverá, com um prazo de vinte dias após a nomeação do primeiro prefeito, concluir a reforma da apostila para o seminário.
29. Para que a formação permanente enfim ocorra, os Dicastérios da Cúria Romana deverão fornecer cursos sobre as áreas que trabalham, e estes deverão ser organizados pelo Dicastério responsável pela Educação, que deverá manter e fiscalizar a formação permanente. Sejam providas avaliações sobre os cursos, e, certificados de realização. Tais certificados sejam exigência na eleição de novos Bispos.
30. Além disso, sejam nomeados oficiais para os Dicastérios da Cúria Romana, a fim de que aprendam sobre o funcionamento dos organismos curiais, mas, também, se aprofundem nos temas sobre os quais trabalham os respectivos Dicastérios.
CONCLUSÃO
31. A Igreja deve ter sempre em mente sua necessária renovação. A renovação desejada, porém, não acontecerá sem uma renovação profunda de estruturas e de mentalidade. Se o nosso objetivo neste XII Sínodo dos Bispos, bem como o dos padres sinodais, era o de soprar para longe a poeira que se acumulou sobre certas estruturas eclesiais, esta só pode ser soprada pelo próprio sopro do Espírito Santo de Deus, que é capaz de renovar todas as coisas. Devemos permitir, também, que o Espírito renove a mentalidade, para que assumamos, todos, a corresponsabilidade por nossa Igreja e pela mudança necessária.
32. No Habbo, enfrentamos um momento histórico singular, sobre o qual já comentamos. “Diante desta inegável realidade, somos interpelados a não abandonarmos a Igreja também nós, mas, pelo contrário, assumirmos a responsabilidade de sermos Igreja, renovarmos todas as coisas em Cristo e reformarmos a própria estrutura da Igreja para que ela se torne mais evangelizadora, mais missionária, mais discípula e esposa do seu Senhor Ressuscitado. Se o problema é não sermos conhecidos, a Igreja deve ser presença nas mídias sociais; se o problema é com vocações, a Igreja deve se empenhar não só em formar quantitativamente, mas, qualitativamente, pois o pouco com Deus é muito; se o problema é na nossa ação missionária, devemos nos esforçar mais para que Cristo seja conhecido e amado; se os nossos não exercem o ministério como deveriam, devemos lembrar a seriedade da Igreja e ainda mais, a seriedade do anúncio que devemos fazer.” (Homilia, Missa de Encerramento do XII Sínodo dos Bispos). Devemos deixar de lado nosso pensamento que as coisas sempre foram de um jeito, sairmos de um mundinho limitado e uma visão estreita das coisas, e, abandonando o comodismo, alargarmos os horizontes, irmos para mares mais profundos, para podermos fazer a renovação acontecer (cf. Lc 5,4)
33. Em comunhão com os padres sinodais, "consideramos os trabalhos sinodais do XII Sínodo dos Bispos, como o sopro de renovação da Santa Mãe Igreja presente no Habbo Hotel, para que as luzes acesas possam clarear sempre mais. 'Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha, nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.' (Cf. Mateus 5, 14-16)." (Documento Final do XII Sínodo dos Bispos).
34. Sendo assim, ESTABELECEMOS e DECRETAMOS estas novas regras, decididas sinodalmente e agora por nós ratificadas, as quais todos os que estão unidos em nossa comunhão são obrigados, a partir da publicação desta.
35. A Maria, estrela da Evangelização e Mãe da Igreja, queremos nos dirigir, dizendo-lhe:
Maria, Santa Virgem,
Mãe da Igreja,
Estrela da Evangelização,
vós soubestes acolher em vosso ventre,
o logos de Deus,
que veio renovar todas as coisas,
por sua paixão, morte e ressurreição.
Ensina-nos, Mãe,
que certas coisas não devem ficar como estão.
Ensina-nos, Maria,
a lidar com o dinamismo de nossa vida eclesial,
mostra-nos que também Deus é dinâmico, infinito,
constante fonte de renovação de todas as coisas.
Dai-nos encontrar o Senhor Jesus,
nos irmãos que formos evangelizar,
nos caminhos das periferias existenciais que ninguém quer entrar,
na oração comunitária,
na alegria de ser Igreja,
no desafio de cada dia,
no novo de Deus para nós no hoje de nossa história.
Mãe Maria,
esposa do Espírito Santo,
renova-nos no teu amado Filho, Jesus.
Assim seja! Amém.
Dado e passado em Roma, no IV Domingo do Advento, décimo oitavo dia do mês de dezembro do Ano do Senhor de dois mil e vinte e dois, primeiro de Nosso pontificado.